Recentemente, houve um avanço significativo com a desapropriação do terreno que estava em disputa há anos para a criação do Parque do Bixiga. O projeto elaborado para o Parque do Bixiga foi desenvolvido pela Secretaria de Infraestrutura e Obras, em vez da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, devido à falta de preocupação ambiental do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
Esse projeto foi encaminhado à Câmara, mas parece que Ricardo Nunes não tem interesse em concretizá-lo. A aprovação do Parque do Bixiga só foi possível devido à presença de um rio na região, tornando-a non aedificandi, ou seja, imprópria para construções, e à mobilização da sociedade civil para angariar os recursos necessários. Curiosamente, não foi a Prefeitura que buscou os recursos para adquirir a área.
Diante disso, o prefeito Ricardo Nunes pretende inserir o Parque do Bixiga no Plano Diretor como um parque proposto sem qualquer prioridade de implementação. O vereador Rodrigo Goulart, aliado do prefeito, anunciou sua intenção de aproveitar a aprovação do Parque do Bixiga para também aprovar o Parque Banespa, que parece despertar mais interesse por parte de Ricardo Nunes, embora sua concepção atual seja criticada pelos próprios moradores.
"A batalha pela criação do parque foi liderada há décadas por um dos maiores artistas brasileiros, Zé Celso, fundador do Teatro Oficina. Ele lutou contra a ditadura, foi obrigado a deixar o país, sofreu prisão e tortura."
O Parque do Bixiga será o último da lista de parques propostos, e a Prefeitura ainda não anunciou a realização de um concurso paisagístico para o parque. Mais preocupante ainda, nem mesmo o nome de Zé Celso está garantido para batizar o espaço. Parece que a mobilização da sociedade civil irritou profundamente o prefeito Ricardo Nunes.
O Parque do Bixiga é uma demanda da comunidade, liderada ao longo de décadas por um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos, José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, criador do Teatro Oficina. Ele enfrentou a ditadura, foi obrigado a sair do país, sofreu prisão e tortura. Ele se opôs a Bolsonaro. Infelizmente, não pôde testemunhar a aprovação do Parque do Bixiga devido a um trágico acidente fatal.
Para que o Parque se concretize, é essencial manter a mobilização. Durante minha gestão como secretário do Verde e do Meio Ambiente, no governo da prefeita Marta Suplicy, implementamos diversos parques e praças. Reestruturamos o Parque do Ibirapuera, incorporando o Museu Afro-Brasil e o Planetário. O Parque do Carmo passou por melhorias. Estabelecemos o sistema de conselhos gestores para promover a participação popular na administração dos parques.
O movimento pelo parque deve enfatizar a ideia de um espaço público, acessível e inclusivo, em conformidade com as necessidades ambientais cada vez mais urgentes, especialmente diante das catástrofes climáticas. O atual governo de São Paulo negligenciou os parques e o meio ambiente. A sociedade brasileira testemunha no Rio Grande do Sul os danos causados por políticos como Ricardo Nunes. Essas tragédias não estão distantes de nossa realidade em São Paulo, portanto, intervenções em prol do meio ambiente são imprescindíveis, especialmente em áreas como o centro de São Paulo, onde a presença de parques é escassa.